terça-feira, julho 18, 2006

Imagens dizem muito...

"Comemoração" com Rê, no dia seguinte à notícia de que ganhei o concurso!
Fomos à praia, apesar de ser julho (viram? Tinha sol, que nasceu especialmente pra mim!)







Recebendo o prêmio, na TV Bahia, afiliada da Globo em Salvador. No edital, eram R$ 3.500,00 mas o IR e INSS ficaram com uma "pequena parte" e o chequinho foi de R$ 2.615,00. Fazer o que, né?








Fotos mandadas pelo diretor do vídeo, Pico Garcez, das gravações. Pena que não pude estar lá...





No Ferry, atravessando de Itaparica pra Salvador



Festa de lançamento dos vídeos, na Cantina Cortille em Salvador.




A "menina" tentando amarrar o cadarço!


E a mãe dela... abotoando a sandália! (Apelei, né?)


Com Pico, que me esperou à porta... Nunca me senti tão "gente", tão importante...


Marta, presente sempre...


Pico, eu, Kiko (o ator) e Line. Muriel, a "menina" na tela, não pôde ir.




Nós, e Flávia, a figurinista.


Bendito cadarço desamarrado!!!!


Viagem de volta...


Dividindo o disc man... Ela ouviu minhas baladinhas e eu tive que engolir brit rock! (argh!)

A Menina do Cadarço Desamarrado - Roteiro

STORY LINE

Uma delicada história de amor entre dois jovens, que tem o seu start a partir do cadarço desamarrado do tênis dela, que funciona como atrativo para ele. A ironia é que o cadarço desamarrado também é o motivo da separação.
ARGUMENTO

CRIS é uma jovem bonita, inteligente, de bem com a vida, com uma peculiaridade: vive com o cadarço do tênis desamarrado. Douglas tem a mesma idade que ela, não se conhecem. O primeiro encontro entre eles é casual, no centro de uma cidade relativamente pequena; ele está olhando para o chão, e vê o cadarço desamarrado, que lhe chama a atenção. Ele fica encantado com ela, que some em meio às pessoas, sem ao menos responder à frase: Cuidado, vai cair. O cadarço está desamarrado...
Algum tempo depois, os jovens se encontram na mesma universidade; ela continua usando o tênis da mesma maneira, despreocupada com o cadarço desamarrado e ele continua enfeitiçado pela garota. Ele se aproxima dela, que se revela perfeccionista e cuidadosa com os trabalhos acadêmicos, contrastando com sua atitude quando aos cadarços dos tênis. Justifica o fato de maneira simples, com um sorriso: nunca aprendi a amarrar o cadarço...
Começam a namorar, durante uma sessão de cinema e vivem um lindo romance até que ele a pressiona, querendo saber a verdade sobre o cadarço sempre solto. Ela não suporta a pressão e o romance é interrompido. Magoada pelo que considerou falta de confiança, Cris some da vida de Douglas, que vive de olhos baixos, procurando no chão pés com um cadarço desamarrado.
Durante todo o vídeo, a narração em off de Douglas faz a ligação entre as cenas que se sucedem.

CENÁRIOS
1. CENTRO DA CIDADE Rua comercial, movimentada. Pessoas passando em todas as direções. Vitrines de roupas, perfumes, sapatos.
2. SALA DE AULA Sala ampla, bem iluminada, com janelas grandes de vidro, deixando entrar luz natural. Quadrobranco, mesa e cadeira do professor, carteiras para os alunos, desalinhadas, com material dos alunos sobre elas. Ventiladores de teto ligados, balde de lixo pequeno quase cheio de papéis de bala, latinhas de refrigerante, folhas de caderno amassadas.
3. ENTRADA DO CINEMA Fila de pessoas comprando ingressos, balcão com pipoqueira e lanches. Filme sendo exibido: Depois do Por do Sol.
4. CAMPUS DA UNIVERSIDADE - Área verde com algumas árvores grandes. Estacionamento. Lanchonete e Biblioteca à vista, além de caixas eletrônicos de bancos (que podem vir a ser patrocinadores do filme). Visão dos pavilhões de salas de aula.

PERSONAGENS

DOUGLAS Rapaz alto (1,85m), moreno, olhos pretos, cerca de 20 anos, bonito, sem ser exageradamente sensual.
CRIS Moça de estatura mediana (1,65m), morena clara, olhos verdes, magra, beleza delicada, bem humorada, sempre calçando tênis ou sapato de couro, de cadarço que deveráem um dos pés estar desamarrado. Cerca de 20 anos.

ROTEIRO
NOTA: Durante todo o filme, ouve-se a voz de DOUGLAS em off. As cenas descrevem o que ele fala.

CENA 1
CENTRO DA CIDADE / EXTERNA / DIA

CRIS andando, displicentemente, admirando sua própria imagem nas vitrines. Foco nos pés dela, um dos cadarços do tênis está desamarrado.
DOUGLAS se aproximando de CRIS e aponta para o cadarço. CRIS olha para ele, sorri tranquilamente, e continua a andar. Não parece dar importância ao aviso, apesar de ficar claro que ela ouviu e entendeu.

DOUGLAS (off): Foi a primeira vez que falei com ela. No centro da cidade, passa essa garota olhando seu reflexo nas vitrines, com o pensamento longe, e o cadarço arrastando no chão. Pensei: como essas pessoas que levam a vida com tanta displicência são felizes!

CENA 2
CAMPUS DA UNIVERSIDADE / EXTERNA / DIA

CRIS andando, em meio a outros estudantes. foco no sapato dela, cadarço desamarrado.
DOUGLAS (off): Algum tempo depois, eu a encontrei na universidade. De novo, o que me atraiu foi o tal cadarço... desamarrado. E o sorriso da garota.

CENA 3
SALA DE AULA / INTERNA / DIA

Alunos sentados, assistindo aula, alguns desatentos, CRIS concentrada, apagando algo escrito a lápis e reescrevendo, várias vezes.
DOUGLAS (off): Fui percebendo que ela não era displicente em nada, seus trabalhos e notas eram invejáveis, mas...
Câmara dá foco no cadarço... desamarrado.

CENA 4
CAMPUS DA UNIVERSIDADE / EXTERNA / DIA

CRIS e DOUGLAS andando, foco no pé dela... cadarço desamarrado. Lembrar de alternar aleatoriamente os pés onde os cadarços estão desamarrados. Enquanto ele fala, foco no sorriso dela, mostrando que ela é feliz.
DOUGLAS (off): Um dia, tomei coragem e perguntei por que ela não o amarrava, se era perfeccionista até o último fio de cabelo.
CRIS: Ah, é que eu nunca aprendi a amarrar!
DOUGLAS e CRIS continuam andando e rindo enquanto ele fala em off.
DOUGLAS (off): Eu podia não ter acreditado. Mas como saber se era verdade? Eu caí como um patinho. O fato é que me apaixonei pela menina do cadarço desamarrado.

CENA 5
ENTRADA DO CINEMA / INTERNA/ NOITE

DOUGLAS e CRIS na entrada do cinema, comprando pipoca, enquanto ele fala em off.

DOUGLAS (off): Parecia um adolescente, quando fiz o convite, mas as mulheres gostam de um bobo apaixonado.
DOUGLAS e CRIS entram no cinema.

CENA 6
ENTRADA DO CINEMA / INTERNA/ NOITE

DOUGLAS e CRIS saindo do cinema, abraçados.
DOUGLAS (off): Estávamos namorando. E fui descobrindo as coisas que ela gostava, e a tornavam cada vez mais fascinante. Mas faltava o mistério do cadarço.

CENA 7
CAMPUS DA UNIVERSIDADE / EXTERNA / DIA

Sentados num banco de cimento, DOUGLAS e CRIS conversam, abraçados. Ele pega no cadarço do tênis dela, que está desamarrado.
DOUGLAS (off): Um dia resolvi pressioná-la para contar a verdade. Aquilo de não saber amarrar não me convenceu. Fiz a pior coisa que podia ter feito: Disse que se ela não abrisse o jogo, estaria tudo terminado.
A cena mostra o que DOUGLAS descreve.
DOUGLAS (off): Mas... como são as mulheres: antes que eu percebesse, ela é que havia terminado comigo. Por causa de um cadarço.
CRIS se levanta do banco e sai sem olhar para trás. Close no rosto dela, lágrimas escorrendo devagar. A câmera continua nela, focalizando-a pelas costas, enquanto DOUGLAS fala, em off.
DOUGLAS (off): Eu quase disse: cuidado, vai cair, como sempre, mas não falei. E quem sabe, ela teria voltado, se eu me atrevesse...

CENA 8
CENTRO DA CIDADE / EXTERNA / DIA

Pessoas andando, algumas apressadas, outras mais devagar.
DOUGLAS (off): Nunca entendi por que fui tão idiota. Se era o mistério que me fascinava, por que acabar com ele?
A câmera passa a focalizar apenas os pés das pessoas, andando pela calçada. Douglas entra em cena, andando de cabeça baixa, como quem olha apenas para os pés ao seu redor.
DOUGLAS (off): Agora, ando na rua de cabeça baixa, olhando para todos os pés, pra ver se o acaso, destino ou sei-lá-o-quê nos põe juntos de novo... eu e a menina do cadarço desamarrado.
Câmera continua focalizando pés em movimento, e fade out bem devagar.

A Menina do Cadarço Desamarrado




Uma das muitas coisas que me lembro dela é a sua risada de quem não está nem aí quando eu dizia "ei, seu cadarço está desamarrado". Linda. Com a certeza de que nunca vai cair estampada nos olhos verdes feitos sobre medida.

Foi a primeira vez que falei com ela. No caos do centro da cidade, passa essa garota olhando seu reflexo nas vitrines, com o pensamento muito, muito longe, e o cadarço arrastando no chão, escapando, como que por milagre, de outros pés apressados que passavam. Fiz o que qualquer pessoa faria, avisei do cadarço, mas ela não parou pra amarrar. Aí pensei em como essas pessoas que levam a vida com tanta displicência são felizes.

Alguns anos mais tarde, o destino quis que freqüentássemos as mesmas aulas na faculdade. E eu vi, pelos trabalhos impecáveis e notas invejáveis que ela não era displicente coisa nenhuma. Mas o cadarço continuava desamarrado. Um dia, tomei coragem e perguntei por que ela não amarrava o cadarço, se era perfeccionista até o último fio de cabelo. Depois de rir por 5 minutos inteiros, ela dá a mais improvável das respostas: "ah, éque eu nunca aprendi a amarrar".

Eu poderia não ter acreditado, como quase é o caso agora. Deveria haver outro motivo, não era possível que alguém com um cérebro brilhante daqueles e perfeccionista ao ponto de apagar uma palavra um milhão de vezes sóporque as letras não estavam simétricas não soubesse amarrar os sapatos. Talvez fosse uma válvula de escape para a educação rígida que tivera na infância, ou um sinal de que ela não era tão inatingível como parecia. Mas seus olhos apertados naquele sorriso que dispensa explicações me convenceram, e eu caí como um patinho. O fato é que me apaixonei pela menina do cadarço desamarrado. Menos por sua beleza indefectível que pelo mistério que envolvia esse detalhe que só eu parecia notar.

Meus modos pareciam os de um menino de 14 anos com a primeira namorada quando a chamei para ir ao cinema pela primeira vez. Já éramos mais ou menos amigos, e com certeza ela viu meu rosto ficar de todas as cores quando fiz o convite. A sorte é que as mulheres adoram um bobo apaixonado, e ela aceitou. Algumas horas e muita pipoca depois, era minha namorada.

Com o tempo, fui descobrindo as outras coisas que ela gostava, e que só a tornavam mais fascinante pra mim. Tudo parecia ótimo, mas eu continuava intrigado com o caso do cadarço. Aquela história não me convenceu. Um dia, resolvi pressioná-la para contar a verdade. Disse que estaria tudo acabado se ela não abrisse o jogo. Mas como são as mulheres... Veio com uma conversa de que desse jeito não dá, um relacionamento sem confiança não vai pra frente e, antes que eu percebesse, ela é que havia terminado comigo. Por causa de um cadarço. E saiu, tentando conter as lágrimas, pisando forte com o mesmo cadarço desamarrado. Euquase falei "cuidado, vai cair", como sempre fazia, brincando. Mas dessa vez sabia que não iria receber um sorrisinho malandro, mas um livro na cabeça, possivelmente. Quem sabe ela teria voltado se eu me atrevesse...

Nunca mais tive notícias dela. Vivia dizendo que ia pra a Europa, deve ter ido mesmo. Passei meses tentando entender como pude ser idiota a esse ponto. Se era o mistério que me fascinava, por que acabar com ele?...Tive outras namoradas depois dela, mas nenhuma tão inexplicável e que mexesse tanto comigo. Agora ando na rua de cabeça baixa, olhando para todos os pés, pra ver se o acaso, destino ou sei lá o que nos põe juntos de novo, eu e a menina do cadarço desamarrado.


Aline Silveira Cavalcanti
Junho, 2005

terça-feira, julho 11, 2006

Explicando "Só por 1 minuto"

23 de maio de 2004. Aula de Publicidade e Propaganda no 1° horário, 13:30h. Curso de Comunicação Social - Rádio e TV - Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia. O ônibus passa às 12:20h. Se não for nesse... atraso certo. Prof. Rodrigo Bomfim nunca se atrasa. Faz chamada no início da aula. Aluna CDF não chega atrasada também. Corre, morre, mas não se atrasa. É tontinha. Volta mil vezes pra pegar algo que foi esquecido em casa. Nesse dia, se atrasa um minuto só. O motorista do ônibus vê, e não para. Ela corre até o próximo ponto. Quase consegue. Fica esperando quase uma hora até o outro ônibus passar. Ela fica irritada. Se controla. Tenta pensar em motivos pra não se irritar. "O ônibus que perdeu sofreu um acidente". Foi isso. Ela escapou porque não pegou o ônibus.

Chega na UESC atrasada. Não houve acidente. (Ainda bem.) Rodrigo não atrasa. Faz a chamada no início da aula. (Nada bem.) Em casa, de volta, escreve um roteiro. Nunca teve aula de roteiro. Mostra a Nane. Formata com Anaelson. Manda pra XI EXPOCOM. Ganha em segundo lugar entre os estudantes de Comunicação Social de todo o Brasil. Parece mentira. Mas não é. Só por um minuto. Tanta coisa nova na vida dela...

Consegue a passagem aérea com o prefeito num dia muito triste. A hospedagem em Porto Alegre é a melhor que pode existir. Amigos feitos por toda uma vida, mesmo que o tempo e a distância digam não... mesmo esquecendo a canção. Solidão na cidade grande. Luís Fernando Veríssimo na Livraria Cultura. Olga no cinema. Solidão sempre. anaelson e Rodrigo na hora da premiação. Como é bom um rosto amigo!

É isso. Muita coisa em poucas palavras. Ela ainda consegue!

Fotos EXPOCOM 2004 - Porto Alegre - RS

A logo foi sugestiva...



...e me instigou a participar.

Na hora... completamente sozinha - acho que minhas conquistas tem isso em comum... sempre sozinha.

Ainda não sabia a classificação... Ansiedade...


Agradeço a Jurú, que por alguns instantes esteve por perto, e fez as únicas fotos em que apareci!


Pode não dar pra ver, mas... 2° lugar!!!


Com Anaelson e Rodrigo (o prof. que não atrasa...) abraços que Deus me mandou na hora do prêmio!!!



A mensagem no site... valeu!!!

SÓ POR UM MINUTO


VÍDEO MINUTO DE ANABEL SILVEIRA CAVALCANTI


STORY LINE

A diferença que faz um minuto gasto a mais na vida de uma estudante universitária que perde o ônibus.

ARGUMENTO

Vídeo-minuto que mostra em cenas de no máximo 8 segundos cada o corre-corre de uma estudante da UESC que precisa tomar o ônibus do Salobrinho exatamente às 12:50 h para chegar a tempo da primeira aula. Todo o vídeo se passa sem uma palavra, apenas com o tic-tac de um relógio, variando em intensidade de volume, junto com uma música incidental de fundo.Inicia com a estudante vestindo a camisa com o foco no nome do curso e da Universidade, e olhando para o relógio, vendo que já são 12:35 h. Ela recolhe o material que levará: bolsa, caderno, pasta, livros, etc. O relógio sempre volta ao foco, mostrando a passagem dos minutos. Ela olha para a mesa, vê a possibilidade de almoçar, mas sabe que se o fizer não conseguirá chegar ao ponto de ônibus a tempo.12:40 h. Resolve comer uma maçã e sair, desce as escadas de sua casa, fecha a porta atrás de si e percebe que esqueceu o cartão de passe. Volta, e essa volta lhe custa um tempo precioso.12:50 h. Apesar de correr, ela vê de longe o ônibus passar e não consegue alcança-lo. Ela senta no banco existente no ponto de ônibus, e passam vários outros, mas não o único que ela poderia tomar para chegar ao seu destino. Impaciente, olha o relógio, vê o tempo passando.13:20 h. Vem o ônibus esperado, mas ela sabe que já perdeu a primeira aula. Sobe os degraus respirando fundo, sabendo que a culpa foi sua de não ter chegado 1 minuto mais cedo. Não culpa ninguém, só a si própria.13:50 h. Carros piscam, cortando luz para o ônibus. Polícia rodoviária na estrada. A cena é deprimente: Ferragens retorcidas, sangue, corpos espalhados. A última cena é o jornal do dia seguinte com a manchete: 43 MORTOS EM ACIDENTE COM ÔNIBUS NA ESTRADA ILHÉUS-ITABUNA.

PERSONAGEM:
ESTUDANTE Mulher jovem, cerca de 20 anos.

CENÁRIOS:
1. Quarto da ESTUDANTE . Cama, escrivaninha com livros e papéis espalhados, despertador no criado-mudo.2. Sala de jantar da casa da ESTUDANTE . Mesa com almoço posto. Relógio de parede.3. Hall externo da casa da ESTUDANTE . Porta com escada que dá para dentro da casa.4. Rua transversal à uma Avenida principal, onde ela irá tomar o ônibus. Rua calma, apenas alguns carros estacionados.5. Ponto de ônibus.6. Interior do ônibus.
NOTA: Todo o vídeo se passa sem uma palavra. Os únicos sons são o tic-tac de um relógio com intensidade variável, e música incidental. Ênfase nas expressões faciais.
ROTEIRO


SÓ POR UM MINUTO


Cena 1
QUARTO DA ESTUDANTE / INTERNA / DIA

ESTUDANTE, cabelos molhados, veste a blusa. Foco no nome do curso e da universidade, na blusa. Olha o relógio no criado-mudo: 12:35h. Penteia os cabelos, volta a olhar o relógio: 12:37h. Reúne o material que vai levar: bolsa, fichário, livros, papéis caem no chão, ESTUDANTE recolhe rapidamente. Relógio: 12:39h. (Tic-tac ainda em volume baixo.)

Cena 2
SALA DE JANTAR DA ESTUDANTE / INTERNA / DIA

Almoço posto à mesa, relógio de parede na sala: 12:40 h. Foco alternando na ESTUDANTE, no relógio da sala e no almoço. Ela resolve não almoçar, abre a geladeira e pega uma maçã. Sai mordendo a maçã, bate o quadril na quina da mesa, olha para o relógio: 12:41h. (Aumenta volume do tic-tac. Música de choque no momento da pancada na mesa)

Cena 3
HALL EXTERNO DA CASA DA ESTUDANTE / EXT. / DIA

ESTUDANTE bate a porta atrás de si, com a maçã na boca. Põe a mão na bolsa, pega os óculos de sol, e procura o cartão de passe. Não acha. Procura a chave de casa, abre a porta e sobe a escada para buscar o cartão. (Aumenta ainda mais o volume do tic-tac e música de circo na correria da ESTUDANTE)

Cena 4
QUARTO DA ESTUDANTE / INTERNA / DIA

ESTUDANTE procura o cartão na gaveta do criado-mudo. Câmera rápida enquanto ela procura o cartão. Encontra. Foco no cartão, depois no despertador: 12:44h. ESTUDANTE sai andando rápido, bate a porta com força. Foco no relógio de pulso: 12:45h. Continua música de circo.

Cena 5
RUA TRANSVERSAL / EXTERNA / DIA

ESTUDANTE andando rápido, olha várias vezes para o relógio, apressa o passo, corre. Quick motion alterna entre os pés da ESTUDANTE e os carros parados na rua calma. Quase chegando ao ponto de ônibus, olha mais uma vez o relógio de pulso: 12:50h. Foco Still no ônibus SALOBRINHO que não pára no ponto. A ESTUDANTE demonstra decepção por ter perdido o ônibus. Senta no banco que há no ponto. Tic-tac diminui de volume. Música de caixinha de música melancólica. Relógio: 13 h. Foco nos letreiros de vários ônibus que passam, alguns param, outros não: CONQUISTA, TEOTÔNIO VILELA, IGUAPE, SÃO MIGUEL, IGUAPE, ITABUNA, CONQUISTA, TEOTÔNIO VILELA... aumentando a rapidez da troca de focos nos ônibus. Still no close da ESTUDANTE, que demonstra irritação e impaciência. Relógio: 13:20h

Cena 6
PONTO DE ÔNIBUS / EXTERNA / DIA

Chega o ônibus do SALOBRINHO. Foco no relógio de pulso:13:25h. A ESTUDANTE sobe os degraus respirando fundo.

Cena 7
ÔNIBUS / INTERNA / DIA

ESTUDANTE deixa-se cair na cadeira do ônibus, tira os óculos, enxuga o suor da testa com as costas da mão. Tic tac quase imperceptível, como se já não importasse o tempo.

Cena 8
ESTRADA / EXTERNA / DIA

Carros passando em sentido contrário ao do ônibus, cortando luz. Policial rodoviário na estrada faz sinal para o ônubus reduzir a velocidade. Imagens rápidas de sangue na estrada, policiais correndo, ônibus com ferragens retorcidas, foco no letreiro SALOBRINHO e o seu número no ônibus batido. Tic tac bem devagar e sumindo. Fade out.

Cena 9
IMAGEM FECHADA NA MANCHETE DO JORNAL

Fade In
Manchete do jornal: 43 MORTOS EM ACIDENTE COM ÔNIBUS NA RODOVIA ILHÉUS / ITABUNA e foto do ônibus acidentado.
Tic-tac aumenta rapidamente. Fade Out. Sobem os créditos.

Ilhéus, 23 de maio, 2004